A produção de imagens com recurso a meios digitais pouco reflecte sobre os problemas ambientais que provoca. Autênticas caixas negras digitais escondem infra-estruturas insustentáveis que prejudicam o ambiente.
Apesar de depender da produção de imagens, a educação artística deve reconhecer as suas responsabilidades relativamente a questões climáticas urgentes e reconhecer os papéis históricos que desempenhou no passado. A fotografia analógica está historicamente ligada a sistemas extractivistas e a processos prejudiciais para o ambiente.
Diante de uma emergência ambiental, torna-se necessário historicizar a tecnologia para entender como sistemas extrativistas e prejudiciais ao meio ambiente se perpetuam no presente. O que se faz no campo das imagens já não pode ser desligado dos sistemas sócio-económicos de que a história da fotografia faz parte. As imagens não podem ser desligadas do plano das representações que esse mesmo sistema produziu através de um contrato social hierárquico e excludente. De modo a investigar esta produção de imagens e a relação com o ambiente e o social, partimos de uma abordagem arquivista e cartográfica com um enquadramento decolonial na ecosofia.
Uma abordagem ecosófica assume que a mente, o ambiente e a sociedade estão interligados, no entanto, esta ideia já sofre de um viés ocidental de uma mente separada do corpo. Esta e outras separações têm vindo a perpetuar a grande separação entre pessoas e pessoas, entre pessoas e natureza. Uma ecosofia com corpos procura uma interseccionalidade que resiste a uma produção de saber discriminatório e procura uma justiça social e ambiental.